"A beleza faz com que um pecador pense ter atingido um estado de graça..."

Em busca do vampiro Indiano por: Shirlei Massapust

3 de nov. de 2011.


No livro O Culto do Vampiro o ocultista francês Jean-Paul Bourre queixa-se de que “atualmente a maioria dos adeptos da magia já não ousa reconhecer os poderes do sangue. Para eles, magia vermelha e magia negra são a mesma magia diabólica e preferem acender bastões de incenso sob as imagens de «Maha-qualquer-coisa» e cobrir-se de flores cantando que o mundo é bom, luminoso e pacífico”. Por isso os verdadeiros mágicos seriam muito raros “e quando eles surgem, afastamo-nos deles, horrorizados”.[1] Claro que existe uma reprovável carga de preconceito em seus comentários, mas devo me confessar igualmente pasma por haver encontrado fiéis ‘correndo horrorizados’ de seus próprios textos sagrados em toda parte do mundo. Bem ou mau, esta é uma parte do culto da qual praticamente nenhum oriental quer ouvir falar.

A mais ávida sugadora de sangue da mitologia Índia é, de longe, a deusa Kali. “Porque você sabe, e todo mundo sabe”, diz um conto indiano, “que Kali é a deusa das diabas e das bruxas, bem como dos santos e dos reis, e das pessoas comuns e dos pobres. De todo mundo”.[2] Assim falou Vikramāditya, rei de Ujjain, ao observar um outro monarca dirigindo-se ao templo de Kali:



“Bem, se ele está indo visitar Kali, deve ser boa gente”, pensou Vikram. Porque como você sabe, todos os reis são Kshatriyas, e Kshatriyas veneram Kali, a deusa da guerra. Seja como Durga quando ela monta um tigre, ou como Chandi engolindo gotas do Demônio Maior, ou como Kali dançando intoxicada com o sangue dos corpos dos demônios que ela matou. Seja como você a chama, ela é Poder. Mas quando é Kali, ou Bhavani ou Chandi, adora sangue. Você sabe, quando você a vê com a língua pendurada, segurando um demônio decapitado, um colar de caveiras em tomo do pescoço, e uma saia de mãos decepadas. A Terrível, a Destruidora, a Engolidora de Homens da cavernosa dentada dos dois lados. E por que não — o útero do mundo, a Criadora, o que ela pode expelir, pode sugar — por que não? Não é verdade? Uma vez ela escondeu uma espada lá, você sabe onde — mas seu Lord Shiva transformou a poderosa linga num raio! Que festanças têm esses dois! Eles fazem a Terra sacudir.[3]



No começo da era cristã, o erudito Bhavabhuti escreveu contos clássicos indianos, “inclusive vinte e cinco histórias de um vampiro que animava cadáveres e que podia ser visto pendurado de cabeça para baixo numa árvore, como um morcego”.[4] A versão tibetana deste livro foi denominada Baital-Pachisi, sendo que na tradução livre de Richard Burton a estátua de Kali aparece no santuário, localizado no cemitério crematório. Quando o rei entra, ele a vê:



Ali estava Smashna-Kali, a deusa, em sua forma mais horrível. Era uma mulher muito preta e nua, com uma cabeça ferida, parcialmente decepada e pintada pendendo sobre seu ombro. Sua língua se enrolava em sua grande boca bocejante. Seus olhos eram vermelhos como os de um bêbado; suas sobrancelhas eram da mesma cor; seu cabelo grosso e áspero pendia como uma manta até os joelhos.[5]



Richard Burton comenta ironicamente que “não podendo encontrar vítimas, essa agradável divindade, para satisfazer sua sede do curioso suco, cortou seu próprio pescoço para que o sangue jorrasse para sua boca”.[6] Segundo J. Gordon Melton, Kali tinha um relacionamento ambíguo com o mundo. “Por um lado destruía os espíritos malignos e estabelecia a ordem. Entretanto, também servia como representante das forças que ameaçavam a ordem social e a estabilidade por sua embriaguez de sangue e subseqüente atividade frenética”.[7]

Ela apareceu pela primeira vez nos escritos indianos por volta do século VI em invocações pedindo sua ajuda nas guerras. Nesses primeiros textos foi descrita como possuindo presas e usando uma guirlanda de cadáveres. As fontes que iremos analisar mais profundamente nos capítulos subseqüentes registram que seus templos deveriam ser construídos longe das vilas e perto dos locais de cremação. Diversos séculos mais tarde, no Bhagavat-purana, ela e suas seguidoras, as dakinis, avançaram sobre um bando de ladrões, decapitaram-nos e embebedaram-se em seu sangue. No Devi-Mahatmya ela se juntou à deusa Durga, para lutar contra o espírito demoníaco Raktabija, que tinha a habilidade de se reproduzir com cada gota de sangue derramado. Kali resgatou Durga ao vampirizar Raktabija e ao comer suas duplicatas. Outros adotam-na como o aspecto irado de Durga. Ela se tornou a divindade dominante no hinduísmo tântrico, onde era louvada como a forma original das coisas e a origem de tudo o que existe.



No Tantra, o caminho da salvação se dava através das delicias sensuais do mundo – as coisas geralmente proibidas a um indiano devoto – tais como álcool e sexo. Kali representava as ultimas realidades proibidas e dessa forma deveria ser abrigada no íntimo e sobrepujada no que seria o ritual da salvação. Ensinava que a vida se alimentava da morte, que a morte era inevitável para todos os seres e que, na aceitação dessas verdades – confrontando Kali nos campos de cremação, demonstrando dessa forma coragem igual à sua terrível natureza – haveria libertação. Kali, como muitas divindades vampíricas, simbolizava a desordem que aparecia continuamente entre todas as tentativas de se criar a ordem. A vida era, em última instância, indomável e imprevisível.[8]



Nas eras védicas — pelo ano 1200, atingindo a Idade Média — a prática de sacrifício de sangue era muito comum na Índia. As primeiras escrituras sagradas, Vedas e Brahmanas, são, de fato, um manual de sacrifícios de grande complexidade. O mesmo povo que hoje se revolta ao saber que, no ocidente, sacrifica-se gado para o consumo alimentício tem em sua árvore genealógica ancestrais que não exultaram em verter sangue animal ou humano, adotando inclusive a prática do suicídio coletivo; a exemplo de bizarro costume constatado por Stanislas Guaita, no não tão distante séc. XIX. Era assombrosa “a alegria feroz dos fanáticos de Shiva, devotando-se com entusiasmo à mais horrenda das mortes”.



O carro sagrado do deus, pesado, com quatro mós rolantes, vai dilacerar a carne, esmagar os ossos; eles sabem, e é com gritos de triunfo, com o clarão do livre sacrifício nos olhos que se deitam às dúzias no percurso do ídolo esmagador![9]



Segundo Guaita, ainda no século XIX a Índia abrigava a sociedade secreta dos Thuggs cujos adeptos chegavam a expatriar-se quando necessário “para atacar as vítimas, marcadas de antemão e que, prevenidas a tempo para tomar um navio, pretendem escapar a seu mau destino”.[10] Durga, um famoso chefe capturado pela polícia inglesa e condenado à forca, resumiu sua doutrina na seguinte forma:



Nossos irmãos, — dizia o thugg a seus juízes — souberam que o estrangeiro de que vocês estão falando deveria partir com uma escolta de 50 homens. Formamos simplesmente uma tropa três vezes maior para esperá-los na floresta, onde havia justamente uma imagem da deusa Khali. Como não é permitido por nossos sacerdotes entrar em combate, porque nossos sacrifícios só são agradáveis a Khali quando as vítimas são surpreendidas pela morte, demos boa acolhida aos viajantes oferecendo para caminhar juntos e preservar-nos mutuamente de qualquer perigo. Eles aceitaram, sem desconfiança; depois de três dias éramos amigos... Cada estrangeiro marchava com dois thuggs. A noite não estava completamente escura: à luz do crepúsculo estrelado, dei o sinal a meus irmãos. Imediatamente um dos thuggs que guardava cada vítima pôs no seu pescoço o laço corredio, enquanto o outro o puxava pelas pernas, para virar. Esse movimento foi executado em cada grupo com a rapidez do relâmpago. Arrastamos os cadáveres para o leito de um rio próximo, depois dispersamos. Só um homem escapou; mas a deusa Khali tem olhos abertos sobre ele: seu destino se cumprirá cedo ou tarde! Quanto a mim, eu era antes uma pérola no fundo do oceano, hoje sou cativo... A pobre pérola está acorrentada: receberá um furo para ser posta num fio e flutuará miseravelmente entre o céu e a terra. Assim quis a grande Khali para punir-me por não lhe ter oferecido o número de cadáveres que lhe pertencia. Ó deusa negra, vossas promessas não são jamais vãs, vós cujo nome favorito é Koun-Khali (a devoradora de homens), vós que bebeis sem cessar o sangue dos demônios e dos mortais.[11]



Atualmente os altares de sacrifício desapareceram e as oferendas são depositadas diretamente aos pés das imagens. Hoje as ofertas são geralmente de alimentos, comidas, flores e pó colorido, embora ainda haja sacrifícios de sangue em alguns templos da deusa Kali. O que era louvor transformou-se em horror e os espectros hematófagos, canibais, se multiplicaram. O vetāla (vampiro) e a dakini (bruxa) possui uma relação direta e necessária com o culto à Kali, devorando os restos de sacrifício humano deixados pela deusa; coisa que não impedia que um vetāla subordinado pudesse receber oferenda em nome próprio. Porém, como veremos, Kali e sua comitiva estão longe de serem os únicos consumidores de sangue e corpos vivos ou mortos.



Sangue e carne



Segundo as instruções do Bardo Thödul, se o espírito do morto mentir no estado de chönyid, Yama, o Senhor da Morte, “colocará uma corda em volta do teu pescoço e te puxará adiante; ele cortará a tua cabeça, extrairá teu coração e arrancará teus intestinos, devorará teu cérebro, beberá teu sangue, comerá tua carne e roerá teus ossos”.[12] No mesmo livro sagrado lemos que Yama é antecedido pelos 28 detentores do poder e pelas 58 deusas sinistras bebedoras de sangue. Desde que creia nelas o moribundo delirante poderá ver tais entidades, como ocorreu no momento de agonia de um policial hindu, na casa dos 40 anos, que sofria de tuberculose pulmonar. Os pesquisadores Osis e Haraldsson relataram o caso:



De sua cama no hospital, ele gritava: “O Yamdoot (mensageiro da morte) está vindo para me levar. Tirem-me desta cama para que o Yamdoot não me encontre”. Apontando para a janela, ele disse: “Lá está ele”. Naquele momento, como se alguém tivesse disparado um tiro, “um bando de corvos em cima de uma árvore, vista da janela, voou em disparada”. A enfermeira ficou “aterorizada” e correu para fora, mas não viu nenhum motivo para aquele tumulto, concluindo que “até os corvos pressentiram algo terrível”. Alguns minutos após essa experiência negativa, o paciente entrou em coma profundo e morreu.[13]



Desde a mais alta divindade até o mais insignificante fantasma, todas as entidades indianas relacionadas à morte apreciam sangue e carne humana. E, mesmo no piedoso marasmo de nossos dias, toda e qualquer divindade pode converter-se num agente da morte em determinadas circunstâncias. Assim, por exemplo, A. C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada narra-nos a parábola do demônio Hiraņyakaśipu que viu Kŗşņa como a morte personificada enquanto o devoto Prahlāda contemplou-o como seu Senhor querido, pois “aqueles que desafiam Deus irão vê-lo sob Seu aspecto horroroso, mas aqueles que se dedicam a Ele, irão vê-lo sob Sua forma pessoal”.[14]

Por vezes até pessoas comuns podem ser elevadas ao status de espectro da morte. Por exemplo, em maio de 1973 cadáveres de mendigos surgiram misteriosamente nos becos de Calcutá. Tinham marcas de mordidas no pescoço, aparentemente produzidas por aparelhos mecânicos (a polícia não esclareceu de que tipo). Conforme o repórter André Machado, “assim que soube da onda vampiresca, a população ficou em pânico e saiu às ruas armada de tacapes e estacas de madeira”.[15] Cinco maltrapilhos com aparência suspeita acabaram linchados pela multidão enfurecida, e outros 20 saíram feridos.

Noutro caso, investigado por Idries Shah, em 1956, difundiu-se a história de que uma viúva inglesa que vivia em Bombaim teria sugado o sangue de uma das vítimas de um acidente na estrada. Ela morreu alguns meses depois do acidente, sendo que a lenda da vampira continuou e cresceu. Diziam que comia carne crua e bebia sangue humano sempre que possível. Shah encontrou uma amiga da viúva, que lhe explicou o incidente:



Quando circulava o rumor de que era vampira – contado por algum dos sobreviventes do acidente e não por mim – ela me procurou para “confessar” que ia voltar à Inglaterra para tratamento. Perguntei-lhe se ela era vampira e ela disse que não. A verdade é que, quando criança, ela tinha sofrido de uma doença e tinha de comer sanduíches de carne crua. Ela se acostumou tanto com isso que nunca comia carne cozida. Seu médico via isso como um estado psicológico mais ou menos inofensivo. E assim continuou ela com a dieta. Ao ir para a Índia, ela descobriu que era difícil conseguir carne crua, apesar de sentir muita vontade e, finalmente, ela conseguiu arranjar fornecedor. Mas ela se “controlava”, tanto quanto possível. Na noite do acidente, ela me contou que não comia carne crua há semanas e que, ao se curvar sobre um ferido, aquilo foi demais para ela e então encostou seu rosto no dele como para beijá-lo. Um indiano que estava presente, conhecendo talvez o seu gosto por carne sangrenta, deu início aos rumores.[16]



Resumindo, o consumo de sangue e carne humana é uma constante entre uma infinidade de caracteres do folclore da Índia e Tibet, fato que deixa os pesquisadores ocidentais completamente desnorteados sempre que tentam produzir estudos de religiões comparadas sobre o mito do vampiro. Assim, todos que se prendem ao elemento isolado “beber sangue” acabam catalogando uma infinidade de hematófagos. Matthew Bunson, o primeiro antropólogo a escrever uma enciclopédia dos mitos do vampiro ao redor do globo, encontrou na Índia um problema comum. Ele teria descoberto que muitos folcloristas referem-se ao bhuta como o vampiro indiano por excelência ao passo que outros o catalogam como um tipo específico de vampiro e incluem outros tipos, como “rakshasa, jigarkhwar, hanh saburo, hant-pare, hantu-dor dong, mah’anah, pacu-pati, penanggalan, pisacha, e vetala”.[17] Seu sucessor, Gordom Melton, acrescenta as entidades femininas yatu-dhana, churel e chedipe à lista e confessa sua incapacidade de esgotar o tema em um único artigo:



Em toda a Índia, entre os vários grupos étnicos e lingüísticos, havia uma multidão de fantasmas, demônios e espíritos malignos que viviam dentro ou perto dos cemitérios e dos locais de cremação e que tinham alguma semelhança com os vampiros da Europa. Muitos enganavam os outros assumindo a forma de uma pessoa viva. Transformavam-se, assumindo uma aparência terrivelmente demoníaca pouco antes de atacar suas vítimas.[18]



Para facilitar as pesquisas no campo eu gostaria de propor um novo padrão de busca. O vampiro não pode ser qualquer bebedor de sangue humano ou até os piolhos, pulgas, pernilongos e lombrigas se enquadrariam perfeitamente na descrição. Ele não pode ser um deus porque possui corpo humano nem tão pouco se deverá rotular como vampiro a qualquer pessoa que consuma sangue com regularidade, pois neste caso englobaríamos todos os membros da tribo Massái (povo do Quênia e da Tanzânia cuja dieta diária inclui uma mistura de sangue e leite extraído do gado bovino). — Lembre-se que estamos procurando por vampiros mitológicos e não por algum costume tribal, portadores de hematomania (doença mental) ou “real vampyres” entendidos na moderna concepção norte-americana do termo. — Ele não deve sequer ser apenas um morto que ressuscitou, sem necessitar ou desejar o consumo de sangue, pois na Índia e Tibet, conta-se que diversos santos e devotos, a exemplo de Sri Chaitanya Mahaprabhu (nascido em Mayapur, Índia, 1486), morreram voluntariamente e voltaram à vida. Sobretudo, ele não pode ser um ser capaz de dispensar o consumo de sangue.

Partindo daí excluímos Kali, Yama e inúmeros outros inumanos, apesar de manter ressalvas sobre determinados elementos de seu séqüito. Excluímos o Bhuta, pois como anotou corretamente Marcos Torrigo, “os Bhuta se alimentam de fezes e intestinos encontrados em corpos decompostos”, promovendo doenças nos seres humanos como “uma forma de gerar o seu alimento”.[19] Logo, não é um vampiro.

Não é preciso beber sangue ou ter asas de morcego para se ser um rakshasa (lit. malvado, perverso). O adjetivo também se aplica a um homem vivo comum que comete um ato de crueldade como, por exemplo, atirar uma criança ao fogo. (Isso significa que alguns vampiros poderão ser rakshasas, mas nem todo rakshasa será necessariamente um vampiro). A chedipe (lit. prostituta) também não precisa montar um tigre ou ter patas de animal. Pode ser uma prostituta de verdade. As bruxarias das dakinis da vida real funcionam tão bem quanto as mandingas das mães de santo de nossos terreiros, mas elas nem sequer incorporam entidades. Apenas para o vetalā não há exceção. Ele deve ser sempre um cadáver reanimado por seu próprio espírito ou pelo de outrem. É o equivalente perfeito do vampir cujos relatos começaram a circundar a Europa a partir de 1732.



O vampiro modelo



Segundo Devandra P. Varna, os Vampiros surgiram pela primeira vez na Índia e as histórias se espalharam pela Europa através da Rota da Seda. Esta tese não pode ser comprovada, mas a idéia não é absurda nem impossível. Os historiadores Raymon McNally e Radu Florescu são de opinião que “a idéia de vampiro supõe o conceito oriental do eterno retorno, segundo o qual ninguém é realmente destruído, mas volta vezes sem fim em reencarnações”.[20] Eu discordo. No Mahābhārata, e particularmente na parte que constitui o canto II da Gitâ, lemos que a alma ou espírito (ātmā, em sânscrito) sempre existiu e jamais deixará de existir, “é invisível, incompreensível e imutável”. Por isto, “da mesma maneira que o homem, deixando de lado suas roupas velhas, veste outras novas, também o espírito, depois de abandonar os corpos gastos se reveste de outros corpos novos”.[21] Mas o homem comum não pode permanecer no mesmo invólucro para sempre. “Da mesma forma que tudo que nasce tem infalivelmente que morrer, tudo que morre tem que renascer”.[22] O vetalā é aquele que encontrou uma forma de burlar a regra da reencarnação.

Na Índia os relatos de ressurreição de homens santos são facilmente encontrados. Um dos casos mais recentes foi o de Sai Baba, que teria pedido a seu discípulo Mahalsapathy para tomar conta de seu corpo durante três dias enquanto seu espírito viajaria “pra Alá”. Diz-se que sua respiração diminuiu até cessar e sua circulação se interrompeu. Dado como morto, as autoridades tentaram fazer Mahalsapathy cumprir uma lei da Índia que obriga a cremação ou enterro dos corpos em 24 horas após a morte, mas ele se recusou. No terceiro dia a respiração retornou, Sai Baba abriu os olhos e voltou à vida. Contudo, o privilégio de ir e vir pelos portais da morte não deve ser legado ao homem comum. Os santos retornam para o benefício da humanidade, mas o vulgo tenta reverter o fado por motivos egoístas. O Bardo Thödul relata a reação de um espírito ordinário diante no momento posterior à morte do corpo:



Verás tua própria casa, os criados, parentes e o [teu] cadáver, e pensarás: “Agora estou morto! Que farei?”; e, oprimido por intenso pesar, este pensamento te ocorrerá: “Oh, daria tudo para possuir um corpo!” E assim pensando, vagarás de um lado para outro procurando um corpo.



Nas instruções do Bardo Thödul o homem comum, ignorante das artes mágicas, nunca conseguirá reentrar em seu corpo ou possuir qualquer outro. Mas sempre haverá alguém tentando burlar as leis; incluindo as da natureza. Segundo W. Y. Evans-Wentz,



os tibetanos fazem objeção ao enterro, pois acreditam que, quando um cadáver é enterrado, o espírito do morto, vendo isso, tenta reentrar nele, e que, se a tentativa for bem-sucedida, origina-se um vampiro, enquanto que a cremação ou outros métodos de dissipar rapidamente os elementos do corpo morto impedem o vampirismo.[23]



A fórmula admite variações como, por exemplo, trocar de corpo (o brâmane Somadeva, brâmane natural de Cachemir que viveu na segunda metade do século XI, registrou um conto onde um yogi abandona seu corpo idoso e entra no cadáver de um jovem morto). A literatura devocional fala de um ser denominado pelo sânscrito vetāla, posteriormente traduzido para o tibetano como Baital. Isabel Burton o define como “um gigantesco morcego, vampiro ou espírito maligno que habitava e animava cadáveres”.[24] Diz respeito a uma espécie de ‘espírito’ que freqüenta o smashana (cemitério crematório), adentra e anima corpos humanos frescos nos quais a putrefação ainda teria feito maiores estragos. De acordo com Louis Renou, os vetālas “fazem parte da decoração semidemoníaca do tantrismo sivaíta, de onde passaram ao tantrismo budista”.[25] Eles aparecem na literatura desde o Harivaṃśa, sendo que sua aparição mais famosa deu-se no Kathā-saritsāgara, composto entre 1063 e 1081.



O Kathā-saritsāgara é a adaptação — muito livre — de uma obra bem anterior, provavelmente do século III, chamada Brhat-kathā ou “A Grande História”, atribuída a um certo Guṇāḍhya que viveu na região entre o Ujjayinī e o Kausāmbī. Esse último texto, hoje perdido, estava escrito em dialeto meio-hindu (proveniente do sânscrito como o italiano provém do latim), bastante obscuro, o paisācī ou “língua dos demônios”. Quando, graças a uma reviravolta que modificou profundamente a estrutura lingüística da Índia, a tradição sânscrita se impôs, reduzindo os dialetos regionais a um papel secundário, o Brhat-katā tornou-se, naturalmente, o primeiro objetivo de tradutores e adaptadores. A obra era célebre e, apesar do seu caráter profano, passava por ser um livro “inspirado”: diz a lenda que havia sido revelado a Guṇāḍhya enquanto este escutava o deus Siva contar a história a sua esposa Pāvāti.[26] • Nada impõe ao leitor a idéia de que o Vetāla — passamos agora a tratar deste texto — seja um elemento estranho no interior do Kathā-saritsāgara. Não somente o estilo e a forma geral dos contos estão em conformidade com o todo da obra, mas a própria maneira como o Vetāla nela se insere parece natural, semelhante em todos os pontos aos processos que senvem para introduzir os outros episódios. É um personagem secundário, o ministro Vikramakesarin, quem, depois de ser separado, por efeito de uma maldição (motivo indiano típico), de seu rei Mrgārikadatta, lhe faz o relato de suas aventuras assim que se reúnem novamente: seu conhecimento de antídotos permitiu-lhe salvar a vida de um velho brâmane que fora picado por uma serpente venenosa; grato, este lhe ensina um encantamento que lhe assegurará o domínio sobre a raça dos Vampiros. Como o ministro põe em dúvida a utilidade de um tal dom, o brâmane lembra-lhe que, antigamente, o rei Trivikramasena, de gloriosa memória, obteve a soberania sobre os Vidyadharas graças a um Vampiro. Este é exatamente o conteúdo do prólogo dos Contos do Vetāla, que surgem neste ponto do diálogo. No final desses contos, vê-se Vikramakesarin, devidamente convencido, seguir o conselho do velho brâmane: aceita o encantamento, conjura um Vampiro a entrar num cadáver humano, capta a simpatias do demônio dando-lhe de comer sua própria carne e pede-lhe, como favor, que o ajude a achar Mrgānkadatta. O Vampiro consente, e vê-se Vikramakesarin cavalgando o cadáver — dentro do qual está o Vampiro —, percorrendo os ares nesta montaria para encontrar-se milagrosamente aos pés do rei. Este epílogo da aventuras de Vikramakesarin reflete a própria atmosfera dos Contos do Vetāla.[27]



A coletânea Vetālapancavimsatikā (Vinte e Cinco Contos do Vetāla), existente em diversas versões distintas, constitui um episódio do Kathā-saritsāgara. A versão tibetana de Bhavabhuti foi chamada de Baital-Pachisi.[28] Na versão poética de Somadeva, o vetāla recebe os títulos de “mestre em Ioga”, “príncipe dos vampiros”, “mestre dos poderes sobrenaturais”, etc.[29] Sua posição social parece diametralmente oposta a de seu correspondente no Baital-Pachisi, onde o espírito do filho de um oleiro reentra em seu próprio corpo após para ajudar o rei Vikram e o jovem príncipe Dharma Dhwaj a fazerem justiça contra seu malfeitor. Neste processo o cadáver sofre horrenda metamorfose:



Seus olhos, que estavam arregalados, eram de um castanho esverdeado e nunca piscavam. Seus cabelos também eram castanhos e castanho era seu rosto[30] — três matizes diferentes que, não obstante, aproximavam-se um do outro de forma desagradável, como em um coco seco. Tinha o corpo magro e cheio de nervuras como um esqueleto ou um bambu e, estando pendurado de um galho como uma ‘raposa voadora’,[31] pela ponta dos dedos, seus músculos contraídos ressaltavam como se fossem cordas de fibra de coco. Não parecia ter uma gota de sangue, ou este estranho líquido devia ter-se escoado todo para a cabeça, e quando o rajá tocou-lhe a pele, sentiu-a fria como o gelo e viscosa como a de uma serpente. O único sinal de vida era o furioso agitar de uma pequena cauda muito semelhante à de um bode.[32]



Matthew Bunson da outras descrições alternativas para a aparência do vetāla, “conhecido em algumas regiões como baital, baitala, ou vetal”.



Esta criatura é descrita de forma variada como sendo branca, verde, ou cor de trigo, guiando um cavalo verde. Ele também pode aparecer com um old hag, sugando o sangue de mulheres – costumeiramente aquelas que são alcoólatras ou loucas. Outras tradições sustentam que o vetāla não é realmente maligno. Ele pode ser visto à noite numa vestimenta prateada e dourada, decorada com elefantes e cavalos, uma tocha em uma mão e uma espada na outra.[33]



Segundo a tradição, o vetāla pode ser controlado por aqueles que alcançam a Vetāla Siddhi (poder sobre os vetālas). Helena Petrovna Blavatsky (1831-1891) teria definido esta técnica yogi como “uma prática de feitiçaria” que pretende possuir “meios de alcançar poder sobre os vivos através de magia negra, encantamentos e cerimônias executadas sobre um corpo humano morto, durante cuja operação o cadáver é profanado”.[34] No entanto, como vimos, conforme o Kathā-saritsāgara a regra é que tal dom seja usado para causas justas. Um certo número de fontes ainda preserva detalhes da ritualística, permitindo sua reconstrução parcial.

A cerimônia foi concebida como assessória a uma forma extinta de culto localizado no tempo e no espaço. Numa época em que a pena de morte por enforcamento era comum e os altares de sacrifício ainda não haviam desaparecido, havia um templo branco de Kali propositalmente construído próximo a um cemitério crematório (smashana) nas margens do rio Godavari. O sábio Bhavabhuti especifica que o rito era levado a cabo ao anoitecer do décimo quarto dia da metade escura do mês de agosto (bhadra).[35] Devo adiantar que tal rito culmina com um sacrifício humano no altar de Kali.

O bom devoto (geralmente descrito como um membro da nobreza) opta pelo auto-sacrifício enquanto os homens de má fé (tradicionalmente representados como figuras sujas, pertencentes a castas inferiores e de aparência horrenda), optam por ofertar a vida alheia; caso em que a pretensa vítima fica autorizada a inverter os papeis e sacrificar seu algoz, como teria feito o semi-histórico chátria Vikramāditya, rei de Ujjain. Há também uma passagem ambígua que deixa em aberto a possibilidade de “sacrificar” não um homem vivo, mas um cadáver recolhido no cemitério.

Um conto indiano de data incerta diz que antes de iniciar sua jornada o bom devoto deveria lavar-se em um poço e limpar-se “como para uma prece”.[36] A seguir cumpre-se a segunda etapa do rito que exige a obtenção do corpo fresco de um enforcado, usado para conjurar e prestar homenagem ao vetāla no sítio do smashana. No conto supracitado o devoto vai ao crematório e encontra uma árvore onde pendia um enforcado, mas desta vez excepcionalmente não é o corpo que ele deseja. Junto ao cadáver há o vulto de uma mulher assustadora:



Ela estava sugando com um ruído baboso, com pequenos soluços e gemidos de prazer, como um bebê mamando no peito da mãe. Mas é natural um bebê sugando o leite — enquanto aquilo era uma dakini, sugando o sangue do cadáver de um jovem.[37]



Deduzimos que na falta de um vetāla guia serve uma dakini. É digno de nota que a ressurreição real de um cadáver é algo antinatural no sentido biológico e, portanto, impossível, enquanto uma feiticeira (dakini) sugando o sangue de um morto é um fato antinatural apenas no sentido ético-religioso. A variante onde a dakini substitui o vetāla pode ter sido útil para alguém cuja fé não fosse suficientemente forte para crer que o corpo do morto – que permanece imóvel – foi reanimado. Um outro problema em relação à escolha do corpo é que o morto deveria ter sido executado por agentes da lei em causa justa (Se o devoto levantasse falsa acusação contra um inocente para enganar a justiça, fazendo-a fornecer o corpo do qual necessitava, o vetāla/baital poderia frustrar seus planos). Portanto, a dakini poderia conduzir àquele que não conseguisse encontrar um defunto fresco na data proposta, que fosse fraco demais para carregar um corpo ou que realmente não soubesse como chegar no templo de Kali.

Optando por um vetāla, o devoto deveria carregar o cadáver-guia para dentro do templo cuja localização ele conhecia de antemão (afinal, trata-se de um devoto). Uma vez no templo, o oficiante oferece um sacrifício humano no altar da deusa. A vítima da imolação deveria posicionar-se em ashtanga, que é um tipo saudação hindu na qual as oito partes do corpo (têmporas, nariz, queixo, joelhos e mãos) tocam o solo. Então sua cabeça é cortada fora (em caso de auto-sacrifício alguém deveria auxiliar o devoto, decapitando-o). Numa animação alegórica, a estátua de Kali ganha vida:



Ela enfiou seus dentes no coração dele e bebeu profundamente de seu sangue. Ela sugou e engoliu até que sua face e suas mãos ficaram ensangüentadas e suas roupas manchadas.[38]



As dakinis, servas da deusa, cozem a vítima sacrifical e participaram do fim do banquete, consumindo a prasādam (a comida oferecida). Supondo que os relatos correspondam ao modelo de uma cerimônia real, a estátua de Kali e o vetāla comeriam tão pouco quanto um exu honrado com a oferta de um ebó de frango e farofa, enquanto as bruxas e devotos esfomeados pela miséria da Índia medieval encontrariam alívio em um grande banquete canibal.



O processo de reencarnação:



Em caso de auto-oferta o espírito do morto receberia tratamento especial. Como recompensa, ele reviveria – reencarnaria – com o melhor karma possível e lhe seriam concedidos um ou mais desejos. Podem ser bagatelas, como sacos de ouro para distribuir aos pobres ou concessões superiores de cunho divino. Diziam-lhe que na vida futura ele governaria sobre todo o mundo. Seria um rei invencível nas batalhas, amado pelo povo e possuidor de riquezas infinitas. O mesmo é válido para a vítima que conseguisse livrar-se da armadilha de um mal devoto e sacrificasse o seu inimigo. No conto em análise uma imagem alegórica faz a estátua da deusa ganhar vida e devorá-lo. Quando o esqueleto encontrou-se limpo e polido, deu-se o milagre:



A própria Kali pegou uma ânfora com um líquido dourado e espargiu-o sobre os ossos. Alguns músculos e cartilagens começaram a surgir sobre o esqueleto. Então ela jogou mais líquido e ele começou a criar carne, até que a carne cresceu de volta ao normal e as veias e os vasos sangüíneos embutidos nele começaram a inchar com um pouco de sangue.[39]



Está subtendido que uma ressurreição análoga foi levada a cabo no caso do ministro Vikramakesarin, já narrado. No Vetālapancavimsatikā de Somadeva, o deus Siva assiste a morte de Ksātisīla e presenteia o rei com a “espada que se chama Invencível” através da qual submeteria a sua vontade “a terra com suas ilhas e seus domínios infernais” e se tornaria soberano dos “Espíritos aéreos”.[40] Já na versão tibetana do Baital-Pachisi, de Bhavabhuti, o deus Indra ordena a Vikram que faça um pedido. Séculos de inalterável popularidade nacional e grande difusão internacional são provas literais da concretização de seu humilde desejo: “Ó poderoso soberano do mais baixo paraíso, que esta minha história se torne famosa através do mundo!”[41]



Breve citação do vetāla como agente do mal no budismo:



Conforme a narrativa do capítulo XXVI do Sutra de Lótus (Hokkekyo), na ocasião em que a assembléia presidida por Buda reuniu-se para a composição deste livro o Bodhisattva Dador Intrépido tomou a palavra para ensinar palavras de poder (dharanis) capazes de proteger e guardar aqueles que leiam, recitem, aceitem e/ou promovam o referido sutra, pois “se um mestre da Lei adquirir estes dharanis, mesmo que yakshas, rakshasas, putanas, krityas, kumbhandas ou espíritos esfomeados o vigiem e tentem aproveitar-se dele, serão incapazes de o fazer”.

Esta é a fórmula fornecida pelo Bodhisattva:



jvale mahajvale ukke mukke ade adavati nritye nrityavati ittini

vittini chittini nrityani nrityakati



Repare que os rakshadas foram citados na lista de entidades passíveis de banimento pelo dharani do Bodhisattva, mas os representantes desta classe de entidades demoníacas estavam presentes, acompanhados de seu séquito. Eles apressaram-se em resguardar seu espaço, esperando apenas que Vaisharavana e o protetor do leste, Dhritarasha, terminassem seu discurso (pois estes deuses guerreiros representavam o shitenōu, grupo ao qual nenhum demônio faria bem em interromper). Contrariando sua natureza maligna, os rakshasas prometeram dar proteção àqueles que lêem, aceitam e promovem o Sutra do Lótus, bem como punição exemplar a quem não o faça:



— Ainda que passem sobre as nossas cabeças, nunca perturbarão os mestres da Lei! Quer sejam yakshas, pakshasas, espíritos esfomeados, putanas, krityas, vetalas, skandas, umarakas, apasmarakas, yakshas krityas ou humanas, ou uma febre, quer seja de um dia, de dois, três, quatro ou até sete dias, ou mesmo uma febre constante, seja na forma de um homem, de uma mulher, de um rapaz ou rapariga, ainda que apenas num sonho, nunca os perturbará!

Então, na presença do Buda elas falaram em verso, dizendo:

— Se houver alguém que não preste atenção aos nossos encantamentos e perturbe e prejudique os pregadores da Lei, as suas cabeças serão desfeitas em sete pedaços como os ramos da árvore arjaka. O seu crime será igual ao de alguém que mate pai e mãe, ou de alguém que adultere o óleo ou que engane os outros com medidas e escalas, ou que, como Devadatta, cause dissensões na Ordem de monges. Se alguém cometer um crime contra os mestres da Lei fará recair sobre si uma culpa igual a estas!

Depois de terem recitado estes versos, as filhas de rakshasa disseram ao Buda:

— Honrado Pelo Mundo, nós usaremos os nossos próprios corpos para proteger e guardar aqueles que aceitam, lêem, recitam e praticam este sutra. Nós velaremos para que eles tenham paz e tranqüilidade, livrando-os do declínio e do mal e anulando os efeitos de todas as ervas venenosas.



Este é o encantamento (darani) dado pelos rakshasas, na presença de Buda, para aqueles que desejam invocar sua proteção:



itime itime itime atime itime

nime nime nime nime nime

ruhe ruhe ruhe ruhe

stahe stahe stahe stuhe shuhe



O mestre da lei continua protegido contra yakshas, putanas, krityas, kumbhandas e espíritos esfomeados, além de ganhar um escudo extra contra pakshasas, vetālas, skandas, umarakas, apasmarakas, humanos indesejáveis, doenças e veneno; mas permite que os rakshasas continuem transitando e atuando diante de sua presença desde que não lhes façam mal. Desta forma sabemos que o budismo também acabou incorporando marginalmente uma entidade – o vetāla – que possui uma ligação muito mais estreita com o vampirismo ocidental do que o próprio rakshasa.





Bibliografia seleta:



BURTON, Richard Francis. Vikram e o Vampiro. Trd. Sergio Augusto Teixeira. São Paulo, Círculo do Livro. 224p.

CONTOS DO VAMPIRO. Trd. Luís Cláudio de Castro e Costa. São Paulo, Martins Fontes, 1986. 207p.

EVANS-WENTZ, W. Y. (org.) O Livro Tibetano dos Mortos. Trd. Jesualdo Correia Gomes de Oliveira. São Paulo, Pensamento, 1998. 192p.

Vikram e A Dakini. In: HUSAIN, Shahrukh (comp). O Livro das Bruxas. Trd. Edson Rocha Braga. Rio de Janeiro, Objetiva, 1995, p. 220-225.



[1] BOURRE, Jean-Paul. O Culto do Vampiro. Trd. Cristina Neves. Portugal, Publicações Europa-América, p 47.


[2] Vikram e o Dakini. In: HUSAIN, Shahrukh (comp). O Livro das Bruxas. Trd. Edson Rocha Braga. Rio de Janeiro, Objetiva, 1995, p. 222.


[3] Vikram e o Dakini. In: HUSAIN, Shahrukh (comp). Op cit. Rio de Janeiro, Objetiva, 1995, p. 222.


[4] McNALLY, Raymond & FLORESCU, Radu. Em Busca de Drácula e Outros Vampiros. Trd. Luiz Carlos Lisboa. São Paulo, Mercuryo, 1995, p 124.


[5] MELTON, J. Gordon. O Livro dos Vampiros: A Enciclopédia dos Mortos-Vivos. Trd. James F. Sunderlank Cook. São Paulo, Makron, 1996, p 403.


[6] MELTON, J. Gordon. Op cit, p 403.


[7] MELTON, J. Gordon. Op cit, p 428.


[8] MELTON, J. Gordon. Op cit, p 428-429.


[9] STANISLAS, Guaita. O Templo de Satã. Trd. Celina C. Salles. São Paulo, Três, 1973, vol 1, p 28.


[10] STANISLAS, Guaita. Op cit, p 28.


[11] CHRISTIAN. Histoire de la Magie. Paris, Furne & Cia., p 39-40. In: STANISLAS, Guaita. Op cit, p 28-29.


[12] EVANS-WENTZ, W. Y. (org.) O Livro Tibetano dos Mortos. Trd. Jesualdo Correia Gomes de Oliveira. São Paulo, Pensamento, 1998 p 127.


[13] HABERMAS, Gary R. e MORELAND, J. P. Immortality: the other side of death. Nashville, Thomas Nelson Publishers, 1992, p 41. In: RAWLINGS, Dr. Maurice S. Eles Viram o Inferno. São Paulo, Multiletra, 1996, p 113.


[14] PRABHUPADA, A. C. Bhaktivedanta Swami. Pequeno Tratado Sobre Karma. Brasil, Fundação Bhaktivedanta, 1998, p 57.


[15] MACHADO, André. Vampiros de Carne e Osso. In: INCRÍVEL, nº 13, agosto de 1993, p 8-11.


[16] SHAH, Idries. Magia Oriental. Trd. José Rubens Siqueira. São Paulo, Editora Três, 1973, p 155-156.


[17] BUNSON, Matthew. The Vampire Encyclopedia. New York, Three Rivers Press, 1993, p 133.


[18] MELTON, J. Gordon. Op cit., p 403.


[19] TORRIGO, Marcos. Vampiros: Rituais de Sangue. São Paulo, Madras, 2002, p 9.


[20] McNALLY, Raymond & FLORESCU, Radu. Em Busca de Drácula e Outros Vampiros. Trd. Luiz Carlos Lisboa. São Paulo, Mercuryo, 1995, p 124.


[21] BORREL, Roviralta. Bhagavad-Gîtâ. Trd. Eloísa Ferreira. São Paulo, Editora três, 1973, p 29.


[22] BORREL, Roviralta. Op cit., p 30.


[23] EVANS-WENTZ, W. Y. Op cit., p 18.


[24] BURTON, Richard Francis. Vikram e o Vampiro. Trd. Sergio Augusto Teixeira. São Paulo, Círculo do Livro, p. 7.


[25] CONTOS DO VAMPIRO. Trd. Luís Cláudio de Castro e Costa. São Paulo, Martins Fontes, 1986, p. 186, nota 10.


[26] CONTOS DO VAMPIRO, p VIII.


[27] CONTOS DO VAMPIRO, p X-XI.


[28] Entre a versão tibetana de Bhavabhuti e a indiana de Somadeva há mudança de personagens. O herói de Bhavabhuti é Vrikam, enquanto o de Somadeva é seu descendente Trivikramasena. Ao contrário de Vrikan que repreendia e batia no baital todo o tempo, aborrecido pelas histórias pornográficas e degradantes que despertavam a atenção de seu filho, Trivikramasena viajava só e fez com o vetāla um voto de silêncio. O vampiro é invariavelmente falante. Ele conta histórias e faz perguntas enquanto o rei o carrega. Quando o rei respondia suas perguntas quebrava o voto de silêncio e, conseqüentemente, o vampiro escapulia e retornava a seu refúgio na árvore simsapā, “graças à sua força mágica” ou “poderes mágicos”. Todas as vezes o rei volta a capturá-lo que ora deixava-se levar passivamente “caído na terra, gemendo” e ora relutava assumindo “as formas mais variadas”. Foram ao todo 23 fugas. Na vigésima quarta prova o rei não soube responder a questão e permaneceu silencioso. Então o vampiro cumprimentou-o pela coragem, revelou que o monge mendigo denominado Ksātisīla (sânscrito) ou Shanta-Shil (tibetano) tinha maus propósitos a seu respeito e ensinou-o como vencer o inimigo.


[29] CONTOS DO VAMPIRO, pp. 13, 135.


[30] Os hindus atribuem cabelos castanhos aos homens de casta inferior, às feiticeiras e aos demônios.


[31] Nome popular anglo-indiano de uma espécie de morcego grande.


[32] BURTON, Richard Francis. Op cit., p 48-49.


[33] BUNSON, Matthew. Op cit., p 272.


[34] BLAVATSK, Helena P. Glossário Teosófico. Trd. Silvia Sarzana. São Paulo, Ground, 1998, p 738.


[35] BURTON, Richard Francis. Op cit., p 44.


[36] Vikram e A Dakini. In: HUSAIN, Shahrukh (comp). Op cit. p. 221.


[37] Vikram e A Dakini. In: HUSAIN, Shahrukh (comp). Op cit., p 221.


[38] Vikram e A Dakini. In: HUSAIN, Shahrukh (comp). Op cit., p 222.


[39] Vikram e A Dakini. In: HUSAIN, Shahrukh (comp). Op cit., p 223.


[40] CONTOS DO VAMPIRO, p 183. [41] BURTON, Richard Francis. Op cit., 223.

Escrito por:Shirlei Massapust
 
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